O diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, durante sua acusação em Tribunal de Manhattan, Estados Unidos. Strauss-Kahn teve o seu pedido de fiança negado por conta das acusações de que teria tentado estuprar uma camareira de hotel. (reuters_tickers)
Por Basil Katz e Edith Honan
NOVA YORK (Reuters) - O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, teve o seu pedido de fiança negado nesta segunda-feira por conta das acusações de que teria tentado estuprar uma camareira de hotel, um revés contra o homem considerado o favorito para as eleições presidenciais na França e que supervisionava as finanças do mundo.
Aparentando cansaço, com uma barba rala e com a mesmas roupas que usava no domingo, Strauss-Kahn ouviu os promotores relatarem a um juiz do tribunal criminal de Manhattan que eles estão investigando se ele teve conduta semelhante em outras ocasiões no passado.
Strauss-Kahn pode enfrentar 25 anos de prisão se condenado e deve ser mantido atrás das grades para não fugir para a França, de acordo com os promotores.
Os advogados de defesa não conseguiram libertar Strauss-Kahn sob fiança de 1 milhão de dólares. Eles negaram as acusações contra o seu cliente, cuja prisão jogou o FMI em confusão no momento em que a entidade trabalha para resolver a crise da dívida na zona do euro.
"Estamos, obviamente, decepcionados com a decisão do tribunal. Nós vamos provar...que o senhor Strauss-Kahn é inocente dessas acusações", disse o advogado de defesa Ben Brafman aos repórteres. "A sua principal intenção é limpar o seu nome e reestabelecer a sua imagem."
Esta foi a primeira aparição de Strauss-Kahn perante ao tribunal desde que foi acusado de abusar sexualmente de uma camareira que foi limpar o seu quarto no Sofitel da Times Square. Ele foi retirado do avião da Air France no sábado minutos antes de decolar para Paris. O caso alterou o cenário político francês e causou tumulto entre as lideranças do FMI.
O juiz definiu o dia 20 de maio como a próxima data para analisar o caso.
Um advogado de defesa afirmou que Strauss-Kahn não fugiu do hotel e que a pessoa que estava almoçando com ele no sábado, o dia do incidente, vai testemunhar em seu favor.
No domingo, a camareira de 32 anos apontou Strauss-Kahn como o responsável pelo ataque em uma fila com outros cinco homens, segundo um porta-voz da polícia.
Detalhes gráficos foram descritos pelos promotores no tribunal. Eles alegam que Strauss-Kahn fechou a porta do seu quarto no hotel para evitar que a camareira saísse.
"Ele agarrou o peito da vítima sem consentimento, tentou remover a sua meia-calça e agarrou à força a área vaginal da vítima", disse o escritório de promotoria em uma declaração por escrito, resumindo a acusação contra Strauss-Kahn.
A decisão do juiz de manter Strauss-Kahn sob custódia em Nova York levanta dúvidas sobre o seu futuro como diretor-gerente do FMI. O segundo na linha de comando, John Lipsky, já assumiu a vaga na ausência de Strauss-Kahn.
A Casa Branca disse que os Estados Unidos seguem confiantes na capacidade do FMI de realizar o trabalho. A primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, que tinha uma reunião com Strauss-Kahn marcada para o domingo, disse que encontrar um sucessor para o francês "não era algo para ser resolvido imediatamente", mas que havia boas razões para ter um candidato europeu pronto.
Fontes europeias disseram que a ministra da economia francesa, Christine Lagarde, estava buscando apoio antes das notícias sobre Strauss-Kahn. O antigo ministro da economia da Turquia Kemal Dervis é considerado o favorito entre os candidatos de fora da Europa.
EXAME NA POLÍCIA
O chefe do FMI passou por um exame forense feito pela polícia em busca de arranhões ou evidência do suposto ataque.
Strauss-Kahn chefiou o FMI durante a crise financeira global de 2007-09, pressionando por pacotes de estímulo e reduções dos juros para evitar uma depressão.
O FMI disse que Strauss-Kahn estava em Nova York cuidando de assuntos privados com estadia em hotel de luxo por 3 mil dólares a diária.
A líder do partido socialista francês, Martine Aubry, afirmou que as fotos do chefe do FMI, que dominaram as manchetes no mundo, são "profundamente humilhantes" e falou aos repórteres: "Felizmente, na França, nós temos uma lei que presume a inocência, o que significa que a esta altura dos acontecimentos, as pessoas não podem ser mostradas desse jeito".
Outras acusações contra Strauss-Kahn surgiram em Paris, onde um advogado disse que uma escritora estava analisando a possibilidade de apresentar uma queixa judicial contra o chefe do FMI por conta de um suposto ataque sexual em 2002.
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